terça-feira, 10 de janeiro de 2012

O nosso quase amor.

[...] Já não sabia mais nomear esse sentimento, na verdade, nem sabia se merecia um nome. Ficaste tanto tempo fora, que tua falta virou rotina. Em outras palavras, - mais cruéis, confesso - me acostumei com tua ausência, e já não fazia questão de ti. Não preciso citar teu nome, teu sobrenome, muito menos a rua em que nos encontramos pela primeira vez. Sabes que escrevo para ti. Sabes que em cada letra aqui possui um pouco de nós. Possui você. Tentei pensar em algum motivo para não te escrever, assim como pensava em algum motivo para não te amar, mas, não havia ninguém para me impedir. Estava carregada de lembranças vazias. Confesso que senti falta do medo que você me transmitia, da enorme insegurança, e a ilusão que me permitiu viver, mas em nada isso me acrescentava. Eu gostava, porque fantasiava aquilo, porque eu tinha esperanças, porque eu as alimentava. Acrescentei você em todos os meus sonhos, e no momento que partiu, eles foram com você. Não via saída, até que tudo fez sentido. Não amava você, eu amava o mistério da nossa história, eu amava o nosso futuro que nunca aconteceria, eu amava as tuas promessas nunca realizadas, eu amava aquela fantasia. Amor aquilo nunca poderia ter sido. Amor havia se tornado uma palavra muito grandiosa diante da nossa história. Ou da nossa quase história. Vivemos diante do quase, porque nunca fomos capazes de sermos. Nunca tivemos a força de chegar, e agir. Nosso quase amor nunca existiu, porque amor, amor não é 'quase'. O amor é tudo, e 'tudo' foi tudo o que não conseguimos ser.
Isabela Morgado.

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